7 - Cultura

Cascais possui uma identidade cultural profundamente enraizada na relação com a sua população, no seu património histórico que testemunha séculos de encontros e transformações, e na vivência ao mesmo tempo cosmopolita e rural que atrai artistas, pensadores e criadores de diferentes origens. Esta singularidade posiciona a cultura como um dos maiores ativos do concelho, como um instrumento de coesão social, de formação de públicos e de valorização da memória coletiva.  

Um dos grandes trunfos de Cascais reside na diversidade das suas expressões culturais: do património marítimo e militar à arquitetura modernista, das tradições populares à arte contemporânea, da música às práticas gastronómicas, passando pelo papel vital das coletividades locais. Esta variedade garante que diferentes públicos encontrem propostas significativas e acessíveis, transformando a cultura num espaço de encontro e partilha.

Em paralelo, os museus e centros culturais do concelho distinguem-se pela sua escala humanizada, oferecendo ao visitante uma experiência mais próxima, imersiva e acolhedora. 

Neste contexto, a autarquia deve assumir-se como o verdadeiro motor da preservação cultural e da identidade do município. Cabe-lhe a responsabilidade de garantir a proteção e valorização do património, a modernização dos equipamentos culturais já existentes — como o Museu do Mar, a Casa das Histórias Paula Rego, o Centro Cultural de Cascais e o Teatro Experimental de Cascais, entre outros — e a dinamização da sua programação. Investir na reabilitação física, na atualização tecnológica, na acessibilidade universal e na ligação destes equipamentos às escolas, universidades e coletividades locais é uma condição essencial para que Cascais se afirme como um território culturalmente ativo e inovador.  

A cultura deve ser igualmente entendida como um fator de coesão social e territorial. Isso implica descentralizar a programação para as freguesias do interior, criar bibliotecas de proximidade, oferecer circuitos móveis de cinema, teatro e música, e estimular projetos de cocriação com associações multiculturais. Iniciativas como o teatro comunitário, coros intergeracionais, clubes de leitura, oficinas de gastronomia e residências artísticas em escolas e lares são exemplos concretos de como a cultura pode unir gerações, valorizar a diversidade e fortalecer laços de pertença. Mais do que uma soma de eventos, a política cultural deve ser encarada como uma rede integrada de oportunidades que liga equipamentos culturais, tradições locais, criação artística contemporânea e a participação ativa dos cidadãos. É uma rede que garante que a cultura não é um privilégio de alguns, mas um direito de todos.

  • Visa assegurar a proteção da herança material e imaterial do concelho, reconhecendo-a como a fundação da sua identidade.

  • Foca-se em nutrir o ecossistema artístico local, proporcionando aos criadores um ambiente fértil para a experimentação e o diálogo.

  • Tem como objetivo democratizar o acesso à cultura, combatendo as assimetrias geográficas e sociais e promovendo a inclusão.

  • Procura garantir a viabilidade económica e ambiental do modelo cultural, ao mesmo tempo que projeta Cascais no panorama nacional e internacional.

A visão para a cultura em Cascais assenta em quatro eixos estratégicos, concebidos para sustentar uma política cultural abrangente e de longo prazo:

Estes eixos, embora distintos, estão interligados por uma visão coerente que articula o investimento em infraestruturas e equipamentos, com a dinamização da programação e o envolvimento da comunidade.
Pretende-se desenvolver um Plano Integrado para a Coesão, Identidade e Inovação em que se assuma a cultura como Motor Estratégico para Cascais. 

    • Modernizar e expandir a rede de equipamentos culturais através de intervenções no histórico Teatro Gil Vicente ou da conclusão das obras de reabilitação do Forte de Santo António da Barra e da Bataria da Parede. 

    • Criar novas infraestruturas designadamente um centro de arte moderna e contemporânea no interior do concelho. A necessidade de um grande espaço para espetáculos de larga escala será suprida pela criação de um novo pavilhão multiusos com capacidade para 7.500 lugares sentados. 

    • Abrir bibliotecas municipais nas freguesias de Carcavelos/Parede e em Alcabideche, com o objetivo de que "haja uma biblioteca por freguesia". 

    • Reabilitar a envelhecida FIARTIL para que, além das feiras, possa acolher mais programação cultural, em complemento ao Centro de Cultura e Congressos do Estoril. 

    • Dinamizar o ecossistema criativo local, através da disponibilização de mais espaços de ensaio e de atuação para bandas, companhias e coletivos culturais residentes.   

    • Profissionalizar a gestão cultural e garantir a transparência são objetivos fundamentais.

    • Criar duas comissões municipais, uma do Património Histórico e outra das Atividades Culturais, constituídas por munícipes com currículo relevante, com a missão de acompanhar as políticas e iniciativas da autarquia, apresentar relatórios anuais e sugerir correções. 

    • Definir critérios rigorosos e transparentes para a atribuição de apoios a eventos públicos, festas populares e iniciativas culturais, garantindo uma distribuição equitativa e baseada no mérito. 

    • Garantir a transparência na gestão cultural através da disponibilização de uma agenda e um inventário on-line da cultura no concelho, que englobe o património, as instituições culturais, os artistas e a programação de eventos. 

    • Criar iniciativas que reforcem a identidade local e projetem o concelho a nível nacional e internacional. A Casa das Histórias Paula Rego será destacada, com investimento na sua divulgação nacional e internacional, designadamente através de um site totalmente dedicado à artista e ao museu.

    • Reforçar a programação de festivais de referência como o LEFFEST e promover ciclos de cinema com sessões ao ar livre no verão. 

    • Criar um festival bienal de música clássica. 

    • Criar uma academia de gastronomia, que articule articula a cultura com o setor gastronómico. 

    • Promover mais eventos em locais históricos como a cidadela, faróis, fortalezas marítimas e chalets, aproveitando o charme arquitetónico para reforçar a promoção turística e cultural do território. Esta interligação entre cultura e turismo transforma o património em ativo dinâmico, contribuindo para uma experiência mais rica do visitante.

    • Descentralizar a programação através de "roteiros comunitários guiados por moradores" e "oficinas de cozinha comunitária". 

    • Promover o "voluntariado cultural intergeracional" e "clubes de leitura intergeracionais" visando aproximar idosos e jovens em torno da memória coletiva. 

    • Apostar no cinema comunitário itinerante e no teatro comunitário para levar as artes performativas a bairros mais periféricos, lares e escolas, estimulando a participação direta dos habitantes como atores ou público ativo.

    • Replicar o modelo de sucesso da Sociedade Musical União Paredense (SMUP) noutras freguesias, através de parcerias com associações e da cedência de espaços municipais subaproveitados.

    • Realizar a "Festa dos Bairros" em diferentes freguesias, de forma rotativa, valorizando os talentos locais e reforçando os laços de pertença de cada comunidade.

    • Criar roteiros digitais temáticos (arquitetura, fortalezas), a instalação de QR Codes e áudio-guias multilíngues em monumentos, a colocação de totens informativos em pontos estratégicos e a oferta de um bilhete único "Património de Cascais" para acesso a vários museus e espaços culturais.

    • Promover visitas encenadas com atores que interpretam personagens históricas, passeios noturnos temáticos, e eventos em património marítimo (concertos em fortalezas, exposições em faróis). 

    • Criar uma plataforma multilíngue "Discover Cascais Heritage" com visitas virtuais 360º complementa a oferta digital e prepara o terreno para a projeção internacional.  

    • Introduzir aplicações de realidade aumentada permitindo recriar monumentos e fortes no seu estado original. 

    • Criar um Centro de Interpretação do Património de Cascais com exposições multimédia

    • Promover o Festival Internacional de Artes do Património.

    • Criar o Cartão Cultural de Cascais, com passes anuais ou trimestrais, com acesso gratuito ou reduzido a museus e festivais, incentivando a participação contínua. 

    • Haverá programas específicos para diferentes públicos, como as "Noites Jovens" em teatros e museus, e a "Programação Sénior" com sessões à tarde e transporte assegurado.   

    • Promover o jornalismo independente no concelho, com o objetivo de "romper com a tradição de tomar a imprensa local como veículos de propaganda", gerando um debate público mais rico e credível.   

    • Definir e implementar uma governança clara e um sistema de monitorização rigoroso, com colaboração estreita entre a Câmara Municipal de Cascais, Juntas de Freguesia, escolas e universidades e associações culturais e imigrantes. Esta co-responsabilidade entre atores garante que a política cultural reflete as necessidades e aspirações de toda a comunidade. 

Medidas de ação propostas:

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